O Projeto para duas travessias de pedestres sobre o Rio Capibaribe - Trecho 1 e Trecho 2 -, que perpassam diversos bairros da cidade do Recife, venceu o primeiro lugar do Concurso Nacional de Passarelas no Recife, promovido pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES), através do Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD), com a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovações (SDECTI) e o Projeto Parque Capibaribe, coordenado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB.
Inspirado na cidade anfíbia de Josué de Castro, na Manguetown de Chico Science e no Cão Sem Plumas de João Cabral de Melo Neto, surge o conceito das passarelas. O mangue como elemento norteador, caminho para se atravessar o rio e integrar suas margens. O resultado foi a criação de percursos mais estreitos e descontínuos, que se misturem aos elementos naturais já encontrados no local e tragam poucos danos ao manguezal existente, onde a experiência de passar por entre as árvores do mangue seja apreciada por todos.
A ideia é de integração, as passarelas propostas não devem se sobressair na paisagem, mas fazer parte dela de forma integrada e respeitosa com a finalidades de estimular o contato com o mangue e o rio a partir da travessia, incentivando o reconhecimento dessas áreas e a valorização da mobilidade ativa. As travessias foram pensadas como uma “margem tronco”, de acesso mais direto e retilíneo e com outra margem “raiz” na qual a passarela se divide em ramificações mais estreitas que se distribuem de forma orgânica do território, por entre a vegetação existente. Unindo essas estratégias adotadas tanto na margem tronco quanto raiz, foi possível desenvolver um equipamento que dialogue com as duas margens do rio, além de possibilitar a conexão entre elas.
As premissas do Parque Capibaribe são elementos fundamentais da proposta, os verbos ATRAVESSAR e ABRAÇAR justificam o conceito adotado e a escolha dos materiais, traçados e usos, as propostas se unem aos projetos executados e planejados pelo Parque. No percurso das passarelas foram criados espaços que estimulam a vivência e contato com a natureza, com locais para contemplação, e equipamentos para a população na margem próxima à comunidade de Santa Luzia.
Para a escolha dos materiais e estrutura foram consideradas a durabilidade, disponibilidade no mercado, trabalhabilidade, custo e simplicidade do produto, porque o equipamento proposto não tem como objetivo se destacar na paisagem, mas realçar a beleza de seu entorno. As passarelas são desenvolvidas em harmonia com os elementos naturais existentes, anseios da população e as necessidades de uma boa travessia devido à mobilidade ativa existente da área.
O partido adotado instiga e revelar uma forma alternativa de projetar travessias e parques na cidade, buscando soluções que atendam a população usuária em conjunto com as possibilidades fornecidas pelos elementos naturais tão singulares da região, para assim, tornar a cidade anfíbia do Recife em uma verdadeira cidade parque.
Os conceitos norteadores do projeto vencedor são:
- Respeito e integração com a paisagem
- Sustentabilidade
- Integração
- Baixo custo
- Fácil manutenção
- Inspiração do mangue
- Caminhabilidade
- Mobilidade ativa
- Contemplação
- Espaços de convivência
- Integração ao Parque Capibaribe